sexta-feira, 22 de abril de 2016

Gourmet


(Somos um blog bastante requintado)

Barbeiros cortam estrada e atacam Polícia!


Os confrontos aqueceram em frente ao LIDL!


Depois dos suinicultores, foi a vez dos barbeiros. Ontem ao final da tarde, no Pragal, barbeiros em fúria cortaram a circulação no sentido Norte-Sul, impedindo assim centenas de milhar de automobilistas de regressarem a casa pela Ponte 25 de Abril, após uma jornada de trabalho.

Indignados com a queda dos preços do corte de cabelo e barba, os barbeiros cortaram a estrada com camiões carregados de cabelo cortado. "Há um ano que andamos a guardar o cabelo para isto" - disse um manifestante. À chegada da polícia de intervenção, os barbeiros precipitaram-se sobre os agentes da autoridade e atacaram-nos com o que tinham à mão.


Aqui não passa ninguém!


João Barbosa, porta-voz do protesto, falou aos órgãos de informação presentes: "A primeira reivindicação que temos é contra a atual tabelagem de serviços. Com a inflação, acabamos por estar a perder dinheiro em relação a 1974 e 1975! E esses eram anos em que praticamente ninguém cortava o cabelo! Já para não falar das barbas, pois toda a gente queria parecer o Fidel Castro!".


Os barbeiros atiraram cocktails molotov à Polícia.

"Outra situação que tem de mudar" - continuou - "é a venda de aparelhos para corte de cabelo e barba em casa. E aqui apontamos o dedo às lojas chinesas e ao LIDL!".

"É uma vergonha, num país que se diz europeu e moderno, que o nível de vida dos barbeiros não acompanhe o que se passa lá fora. Em Paris, em Barcelona, mesmo em Reiquejaviique, o barbeiro é acarinhado pela sociedade e recebe subsídios do Estado. Aqui não. Aqui acham que podem viver sem nós!" - concluiu João Barbosa, visivelmente transtornado.
João Barbosa, visivelmente transtornado.


Os manifestantes dirigiram-se então para o LIDL de Almada, onde destruíram o stock de pentes, escovas, máquinas de cortar cabelo, lâminas e creme de barbear. Alguns polícias que deram voz de prisão aos manifestantes, foram agredidos com tesouras.

Mas as razões de queixa eram mais que muitas. O barbeiro Jorge Simões ia-as desfiando: "Nos bons velhos tempos, não se via esta merda. Um rapazinho que quisesse estar apresentável ia ao barbeiro escanhoar-se. Agora, vemos as ruas cheias desses panascas que aparam o cabelo em casa e usam umas barbas enormes e uns bigodes retorcidos! Paneleirices!".



Um agente ferido por uma tesoura.


O Ministro da Economia deslocou-se ao local, prometeu receber os manifestantes em sua casa com chá e bolinhos, e libertar mais subsídios para a atividade, o que acabou por serenar os ânimos, já por volta das duas da manhã. Manuel Caldeira Cabral culpou o executivo de Coelho e Portas pela situação da barbearia em Portugal.

Referindo-se ao Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), o programa financiado por Bruxelas e com comparticipação nacional que vigorou entre 2007-2013, o Ministro afirmou: "Já fizemos pagamentos de 60 milhões. Há ainda processos por pagar, mas aceleramos os pagamentos. Pode não haver para mais nada, mas suinicultura e barbearia estarão sempre nas nossas prioridades".

"Isso e o Parque Mayer. É preciso não deixar morrer o Parque Mayer!"- sublinhou.


Manuel Caldeira Cabral, apelidou de “atitude cívica” o facto de os portugueses deverem deixar de cortar o cabelo em casa e virarem-se somente para as barbearias, para que dessa forma os impostos inerentes sejam cobrados pelo Estado português.


NO PRÓXIMO POST: Freirinhas preparam cortes de estrada, desagradadas porque os portugueses vão cada vez menos à missa. Ameaçam fazer greve nas rezas do terço!

Greve ao terço - o país treme!!!...

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Carta aberta aos suinicultores portugueses



Ó Manel, isto tá mau! Tou a ver que este ano na troco de jipe, foda-se!

Estimados suinicultores,
Ontem deparei-me de novo com a triste ocorrência de  querer transitar livremente nas estradas de Portugal, como é meu direito constitucional e democrático, e ser impedido por uma vara de Vossas Excelências, aos berros, a agredirem polícias, a bloquearem a via com pedras e camiões, a espalharem aos quatro ventos o fedor boçal da vossa selvajaria.
Como se não bastasse, brandiam cartazes intimando-me  a comer carne de porco! E ainda por cima portuguesa! Não tenho liberdade sequer de escolher!
E se Vossas Excelências fossem trabalhar, em vez de andarem a importunar quem trabalha?

 

 ROONC!!! ROOONNNC!!! - disse o porta-voz dos suinicultores.

Para começar, EU NÃO COMO CARNE! Acho esse um hábito nojento e bárbaro. E muito menos carne de de porco, que é um animal inteligente, sensível, muito mais humano e muito mais agradável à vista do que Vossas Excelências!
Como se sentiriam  Vossas Excelências se eu bloqueasse uma estrada e desatasse a bombardear-vos com urros, traques e perdigotos, intimando-vos a comerem comida saudável? Ou (pior ainda) a largarem a garrafa de vinho durante uns minutos e a emborcarem um copo de água?


Tão fofinho! Estava capaz de o meter já entre duas fatias de pão!
 
Já bem me basta o espectáculo hediondo dos camiões carregados de pobres animais que sabem que vão para o matadouro, patinhando nos próprios excrementos, sob temperaturas extremas, após uma vida passada em tortura permanente, encarcerados em gaiolas onde mal cabem, a serem regularmente espancados e estuprados por Vossas Excelências!


Nham, nham!... Um bocadinho de mostarda e marchava já!...

Já bem me basta o desastre ambiental, o pivete insuportável, a poluição do ar, da terra, das águas, que a vossa repugnante e nauseabunda actividade causa!
Já bem me basta que a maior parte dos meus impostos vá encher as anafadas peidas de  Vossas Excelências, que cronicamente se queixam de que "a agricultura está mal", mas não mudam de actividade nem deixam de se passear nos vossos Mercedes, de largar milenas nas casas de alterne e de chular quem trabalha!

Que Deus vos ouça...

Não quero alongar-me muito.  Os vossos protestos são uma afronta para as pessoas que trabalham, e que, tantas delas, perdem o emprego (porque o dinheiro é canalizado para sustentar chulos como Vossas Excelências) e que não vão cortar estradas nem atacar a Polícia.
Quando mamais subsídios da União Europeia, ninguém vos incomoda. Então, porque nos incomodais quando as coisas não vos correm tão bem? 
Em vez de cortardes estradas, porque não cortais antes as compridas galhas que ornamentam as vossas curtas testas?
Em vez de incomodardes as pessoas normais, porque não ides antes para o caralhinho que vos foda a todos? 
Cordialmente,
Manuel Almeida 

 
Nada dá mais prazer a um porco do que ser comido. E segurar cartazes.

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Um homem de Sorte (capítulo II)



O átrio do Hospital de S. Francisco Xavier tornou-se a segunda casa de Sara Tainha.
  

ON THE ROAD AGAIN
Após ter perdido as duas pernas em dois acidentes de viação, Manuel Perpétuo tornara-se uma pequena celebridade no seu prédio. Os vizinhos gabavam-lhe a sorte de ter escapado com vida e com sequelas relativamente tão pequenas (perdera um membro inferior em cada acidente). Mas a história estava longe do fim...
O dia estava chuvoso e frio. A ponte de Vila Franca baloiçava sob as rajadas do vento agreste da lezíria, e os habituais engarrafamentos começavam na Castanheira do Ribatejo. Manuel Perpétuo sentiu uma premente vontade de urinar, e, entre parar e enfrentar a intempérie, e valer-se de uma garrafa de plástico que tinha à mão, a escolha não foi difícil.
Infelizmente, perdeu o controlo da viatura e despenhou-se num talude de 12 metros. Mas, mais uma vez, a sorte esteve com ele. A frente totalmente danificada do seu carro não deixaria adivinhar que tivesse escapado com vida e com consequências físicas relativamente pequenas - perdeu apenas um braço!
No tejadilho do carro acidentado, a garrafa de urina que motivou o despiste.

NÃO HÁ DUAS SEM TRÊS
"Não há duas sem três", diz o ditado. Mas neste caso não há três sem quatro.  Depois do seu terceiro acidente,  já não era uma questão de "se" aconteceria um próximo, mas de "quando" seria o próximo.
A atenção da Imprensa, de resto, já estava sobre Manuel Perpétuo. Numa peça para a CM-TV, Sara Carrilho chamara-lhe o "Gato Humano". Não porque tivesse bigodes, ou urinasse em caixas de serradura, mas porque aparentemente possuía um suprimento quase inesgotável de vidas, como os Super Mario Brothers.
E quis o destino que fosse em Fevereiro (o mês dos gatos) que Manuel Perpétuo tivesse o seu quarto acidente. O piso estava escorregadio da chuva de Fevereiro, e a condução sem pernas e apenas com um braço, não é das mais fáceis, mesmo num carro adaptado. Uma travagem de emergência, aquaplaning, peões no asfalto, e um carro a embater com estrondo nas guardas do viaduto.


 O aparato do acidente atraiu a televisão, a polícia e os bombeiros...


DE VITÓRIA EM VITÓRIA!
Viveram-se momentos de euforia no prédio de Manuel Perpétuo em Alhos Vedros, quando se soube que, mais uma vez e por incrível que pareça, o "Gato Humano" saíra ileso. 

O átrio do Hospital de S. Francisco Xavier tornou-se a segunda casa da repórter Sara Tainha, da CMTV, a primeira estação de televisão a dar a notícia de que Manuel Perpétuo finalmente tivera alta, após dois dias de internamento, e tendo perdido apenas um braço. O membro que lhe restava.
No estúdio: Sara Carrilho dando a notícia  de  mais uma vitória sobre a morte.

 UM HOMEM COMUM, APESAR DE TUDO...
Na janela da sua marquise envidraçada, no seu apartamento da Rua 5 de Outubro, em Alhos Vedros, Manuel Perpétuo, com o braço por cima (figurativamente) do ombro da sua Esposa,  aprecia o serenamente o desfile de Carnaval. Ser o homem mais afortunado de Alhos Vedros não lhe subiu à cabeça. "Podia acontecer a qualquer outro" - diz, com um sorriso humilde.
Quanto a ter ficado sem braços e sem pernas, diz que "prefere  ver o copo meio cheio": "Escapei com vida a quatro acidentes horríveis, e isso é que conta!". "Afinal" - continua - "comparativamente com uma pessoa dita normal, tenho apenas menos quatro membros".

"Em comparação com os cinco habituais!" - graceja - "Se se tratar de uma pessoa do sexo masculino." - acrescenta.

"E o membro que me resta funciona bem, e compensa os que perdi. Além disso, a Anabela gosta de ficar por cima..." - completa, piscando o olho e dando uma palmada amigável  (figurativamente) no traseiro da companheira. Não conseguimos reprimir uma gargalhada divertida.
 
Um aspecto do Carnaval de Alhos Vedros 

"A fama não me subiu à cabeça" - confessa - "continuo com os pés bem assentes na terra".
E é com um sorriso de modéstia e felicidade que nos convida a tomar o elevador e descermos à garagem do prédio, onde está estacionado o novo carro que a companhia de seguros lhe forneceu (o quinto, em pouco mais de 6 meses).
Decidimos fazer um passeio pelos arredores. Manuel Perpétuo mete a chave na ignição com os dentes, e é com os dentes que arranca, fazendo chiar os pneus novos no cimento liso da garagem.  
Na famosa recta de Pegões, alcançamos com facilidade os 220 km/hora. À beira da estrada, dezenas de simpáticas raparigas cumprimentam familiarmente o homem do momento. Um fenómeno de popularidade!
A condução de Manuel Perpétuo é precisa e segura. Estamos tranquilos. Estamos em boas mãos.
 
Manuel Perpétuo conduzindo com os dentes. 
- No próximo capítulo: Manuel Perpétuo tem novo acidente e fica cego.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Um homem de Sorte (capítulo I)


O MILAGRE
Há quem não acredite em milagres. No entanto, certas ocorrências da vida quotidiana, fazem-nos pensar duas vezes. Esta é a história de um homem que escapou à morte, venceu a morte, e viveu para contar a história. Esta é história de Manuel Perpétuo.

Manuel Perpétuo: poucas pessoas no Mundo podem gabar-se de ter tanta sorte!

Naquela manhã, Manuel Perpétuo saiu da sua casa, em Alhos Vedros, como em todas as manhãs. Entrou no seu carro a caminho do trabalho, e mal sabia a sorte que o esperava. Passados escassos dois quilómetros de viagem, foi atingido violentamente por um jipe em alta velocidade, conduzido por um indivíduo fortemente alcoolizado.
Os transeuntes mal conseguiam acreditar, quando viam o carro destroçado - o ocupante não tinha morrido! E não morreu. Perdeu apenas uma perna. "Foi uma sorte!" - disse uma senhora que ia a passar.


O primeiro acidente de Manuel Perpétuo.

O MILAGRE BATE SEMPRE DUAS VEZES
De regresso à estrada, no seu carro adaptado e com uma alínea na carta de condução, Manuel Perpétuo depressa voltou à sua rotina. O acidente, e o facto de ter escapado miraculosamente, dera-lhe uma nova perspectiva sobre a vida. No final dos seus turnos na Cimpor, fazia voluntariado nos Bombeiros Voluntários da Moita. E foi numa dessas viagens que o milagre ocorreu pela segunda vez.
A funcionária da CP, agarrada ao amante e a uma garrafa de aguardente, esquecera-se de fechar a cancela, e Manuel Perpétuo foi colhido pelo comboio das 6 e meia. O carro, arrastado por quase duas centenas de metros, ficou irreconhecível. Manuel Perpétuo voltou a enganar a morte.

Como pode haver quem não acredite em milagres, se este homem, como um Cristiano Ronaldo do volante, fintou a morte duas vezes no curto espaço de 3 meses?
Quando os socorristas o retiraram do esqueleto fumegante da viatura, a multidão irrompeu num clamor de alegria. Manuel Perpétuo sobrevivera. E apenas perdera a perna que lhe restava! "Que sorte!" - disse um senhor que ia a passar de bicicleta e que faz uns biscates de pintor e também arranja esquentadores.
 
Dizem que um raio nunca cai duas vezes no mesmo sítio. E que a sorte aparece apenas uma vez na vida. Vão dizer isso a Manuel Perpétuo!

(CONTINUA)
 
 
 
No próximo capítulo: ON DE ROAD AGAIN